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terça-feira, 22 de julho de 2014

NORDESTE III - Club Med Trancoso - All inclusive com sofisticação

Com a vinda dos alemães para a Copa do Mundo 2014 aqui no Brasil, muito se ouviu falar de um dos lugares mais lindo do nosso litoral, o sul da Bahia, mais precisamente o pequeno povoado de Santo André, em Santa Cruz de Cabrália. 
E eu não pude deixar de me lembrar de uma temporada, há 10 anos atrás, no Club Med Village em Trancoso, um pouco mais ao sul de Porto Seguro. Uma das viagens mais charmosas que já fiz. 

O Club Med dispensa comentários. Esse foi o primeiro Village 4T do Brasil (categorias de 2Tridentes à 5 Tridentes).

Desde a chegada até o último dia desfrutamos de muito conforto e mordomias de dar inveja a Nababo.

Club Med Trancoso




















No alto de uma falésia na praia do Taípe, entre Arraial d’Ajuda (14 km para o norte) e Trancoso (7 km para o sul) onde o hotel está localizado. Antes da sua construção, o Taípe era considerado parte do Arraial d’Ajuda (inclusive o prefixo do telefone é do Arraial), mas Trancoso é mais próximo.



Para chegar à praia há um caminho agradável, entre uma floresta e uma escada que desce até o mar. Mas também há opção de descer de van para os mais preguiçosos. .


Praia Club Med

A praia deserta: além dos hóspedes alguns pouco turistas que vão exclusivamente de barco ou algum tipo de embarcação. O mar nunca é muito calminho; há ondas intermitentes. Caminhando para a esquerda, em uma hora você chega à praia do Taípe, já no Arraial. Para a direita, em meia hora está no Rio da Barra, já em Trancoso (em mais uma hora você chega à praia dos Coqueiros, embaixo da falésia do Quadrado de Trancoso).


Praia do Club Med


As instalações são próprias para um hotel de praia, com quartos espaçosos e limpos. Os quartos são agradavelmente decorados com motivos de mar. Os jardins são imensos e super bem cuidados. Lembro de ter pensado:_ caramba, meu jardim não chega aos pés desses aqui e olha que é tão pequeno!

Jardins Club Med Trancoso

As atividades diárias são variadas e para cada faixa de idade, o que não impede de se ficar sem fazer nada. Há um SPA maravilhoso, com catálogo de tratamentos programados para toda a estada, pagamento à parte. Grátis é a academia. No entanto, considere a possibilidade de ter que disputar uma esteira, dependendo do horário que for malhar.

Instalações: bangalô, SPA, academia, jardins

As equipes de GOs e GEs são extremamente atenciosas e dedicadas, fazendo de tudo para agradar aos hóspedes. 

O hotel utiliza o sistema "all inclusive",sabe né?...tudo incluso...café da manhã, almoço e jantar. Devo dizer que se você conseguir fazer essas três refeições completas depois do terceiro dia, você é um glutão. 

Restaurante Club Med



Na verdade trata-se de uma "orgia gastronômica" onde você tem todas as opções que puder imaginar. Geralmente os jantares são temáticos: Noite Italiana, Noite Alemã, Noite Japonesa. Refrigerantes, água, vinho e chopp é gratuito durante as refeições. Fora isso, prepare-se para ser duramente assaltado, pois um copo de água chega custar R$ 8,00 na alta temporada.As sobremesas são variadas e deliciosas, com várias opções. Sorvete a vontade....tudo de graça....não preciso nem dizer como eu engordei...as crianças ficam mal acostumadas se deixar.

Em relação aos esportes, apesar de não tão exagerado quanto os outros Meds brasileiros, o Med Trancoso tem uma senhora oferta de esportes: quadras de tênis, futebol, poliesportivas, equipamento de vela, arco e flecha, trapézio. Tudo com instrutores e aulas incluídas. O golf (18 buracos) fica fora do hotel, dentro do condomínio Terravista. É provavelmente o green mais bonito do Brasil, sobre a falésia. O green fee é cobrado à parte.

Campo de golfe - Terravista Gof Club Trancoso

Houve apenas um inconveniente nos 5 dias que passamos lá. No primeiro dia da nossa chegada, quando voltávamos da piscina, nos deparamos com um jogo de malas na frente de nosso apartamento. Ligamos imediatamente na recepção e ouvimos um malemolente: _ ah sim, já vamos mandar buscar...um instante. E passaram horas, fomos jantar, voltamos, as malas ainda no mesmo lugar. Passou a noite, amanheceu, fomos tomar café, voltamos, as malas lá. Passou um dia, mais uma noite e eu não pude mais me controlar, imaginando a falta que aquelas malas estariam fazendo aos donos. Liguei na portaria novamente.Para meu espanto, ouvi o seguinte (em sotaque baianês carregado) _ ó xente! ...menina..não é que .as malas do 306 está lá no 603 menina!?!?!..mande buscar mulé...
Club Med Trancoso 2004

Os impactos socio-culturais entre a comunidade receptora de turismo e o complexo turístico.


A atividade turística de uma região pode causar alterações na vida social, na dinâmica cultural e nas referências da identidade das localidades receptoras, interferir não somente nos aspectos socioculturais, mas também no ambiente natural, atuando simultaneamente com os elementos da contemporaneidade e da globalização. 
É uma constatação em Trancoso essa influência do turismo na identidade cultural local e ela pode apresentar-se em visões distintas: uma avalia que o turismo ocasiona a “perda” da identidade, outra, que fortalece a cultura local. No entanto, atualmente, a identidade é vista como algo móvel, dinâmico, em uma constante formação e transformação, interna, da própria comunidade, externa, do fluxo turístico e das influências da contemporaneidade. Portanto, substituir-se “perda” da identidade por “deslocamento” das referências identitárias seria mais adequado. Os impactos socioculturais, como um efeito combinado de fatores sociais e culturais, referem-se a uma multiplicidade de transformações provocadas pelo desenvolvimento da atividade turística, sem contar com o impacto economico. Percebe-se em estudos uma tendência em destacar os aspectos positivos e negativos, porém considerando o relativismo do que é benéfico ou prejudicial. 
No caso da comunidade de Trancoso, o turismo tem gerado mudanças significativas tanto no comportamento da comunidade em si, quanto no desenvolvimento economico do município. Os dados sinalizam para a consolidação turística, os equipamentos como resorts, hotéis, restaurantes, barracas de praia, e demais atividades do comércio e serviços, retratam a atual fase. O processo de desenvolvimento turístico tem atraído imigrantes que buscam oportunidades de trabalho, provocando crescimento populacional. Trancoso, antes uma vila tranqüila, passa por uma expansão urbana com crescimento desordenado, surgindo loteamentos irregulares e áreas invadidas. A infraestrutura básica com a implantação de acessos viários, reestruturação da rede elétrica, do sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário, contribuiu para melhoria da qualidade de vida da população e para consolidação do turismo. Contudo, o rápido crescimento urbano e turístico tem sido desproporcional  às dimensões da infraestrutura, tornando-a inadequada para receber o fluxo turístico, pois na alta temporada há falta de água, de energia elétrica e acúmulo de lixo, é o que dizem os moradores locais. 
Observa-se que Trancoso passa por um acentuado processo de especulação imobiliária. Os moradores têm sido excluídos à medida que não suportam a pressão dos investidores nacionais e internacionais, fazendo com que cada vez mais, ocupem a periferia. É perceptível que os equipamentos, comércio e serviços estão direcionados para o turismo. 
Uma outra questão que afeta a estabilidade financeira dos moradores é a sazonalidade. Na baixa estação, alguns restaurantes, pousadas e lojas fecham as portas, outros se mantêm com baixo índice de atividade, causando desemprego. A dependência econômica do turismo se revela, o que seria uma opção para incrementar a renda dos moradores, virou a principal atividade. A inserção de produtos e serviços baseados no efeito demonstração modificou os padrões de consumo, alterou os hábitos alimentares e a maneira de vestir. Nota-se a existência de manifestações culturais que traduzem a herança cultural, entretanto, outras sofrem a comercialização como produto turístico. É grande o sentimento de esfacelamento, de perda do modo de vida comunitário, em que as famílias se reconheciam, o qual se alinha às desvantagens do desenvolvimento turístico da localidade. Os moradores apontaram a geração de emprego e renda como a principal vantagem do turismo, e no confronto com as desvantagens, salientaram que o fato econômico supera os problemas socioculturais. Na gestão do turismo deveria se levar em conta os aspectos sociais, culturais e ambientais de Trancoso. Espera-se que a inclusão da população na concepção do planejamento e organização do turismo, possa contribuir para reduzir os impactos provenientes do desenvolvimento da atividade turística.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

MONTE VERDE - Alemanha em Minas


Era pra ser um final de semana como outro qualquer do mês de junho, em 2009, mas resolvemos conhecer Monte Verde (MG), e lá fomos nós. 

Santa Bárbara do Monte Verde fica no extremo sudoeste de Minas, na Serra da Mantiqueira, a 484 km de BH, mas a 164 km de Sampa. O segundo municipio mais alto do Brasil, o que torna a paisagem maravilhosa, os dias frios e as noites geladas. Mas a hospitalidade mineira e os deliciosos quitutes fazem desse lugar um dos mais agradáveis que já conheci.

A cidade lembra uma vila européia, estilo alemão, com aproximadamente 5.000 habitantes. Muitos a chamam de "Campos do Jordão Mineira". As ruas são charmosas e floridas, as casas bem cuidadas o comércio local reúne confecções de roupas de malha e couro, restaurantes, cafés e bares e lojas de chocolates, compotas, tortas, queijos e vinhos que fazem a gente perder a linha.

Centro de Monte Verde (MG)








Centenas de pousadas e chalés aconchegantes estão espalhadas pela cidade e algumas até mais afastadas do centro.Escolhemos a Sierra Villena. Maravilhosa. O café da manhã é divino e a decoração rústica é linda.

Em Monte Verde existem vários atrativos que vão desde trilhas em cachoeiras, parques e montanhas. Nós fizemos a trilha das corredeiras do Itapuá (dentro do Hotel Itapuá) as margens do Córrego do Cadete, onde existe a Casa dos Beija-Flores.

trilhas das cachoeiras


Outras trilhas são famosas na região: a da Pedra Redonda, Pedra Partida, Chapéu de Bispo, do Platô e a famosa Trilha do Jorge, mas essa é pra quem gosta de caminhar de verdade, pois o trajeto é de aproximadamente 12 km, com trechos de subidas e descida pela serra, que pode levar quase 6 horas. É aconselhável o acompanhamento de um guia local para não se perder. 



Para quem gosta de radicalizar, existe um circuito bem legal - a Mega Tirolesa, são 2 tirolesas (ida e volta) que dão frio na barriga só de olhar. Mas vale para quem curte emoção.


Sabor Mineiro/Boteco do Lago - Monte Verde



















A gastronomia é diversificada: vai desde a cozinha alemã, italiana, gaúcha e, claro, a deliciosa comida mineira. E foi o Sabor Mineiro que escolhemos para almoçarmos. Não demorou pra servir e o tutú estava divino. E a noite fomos ao Boteco do Lago, com música ao vivo, ambiente agradável e o chopp artesanal. Muito bom.


O IMPACTO DO CRESCIMENTO CAUSADO PELO TURISMO EM MONTE VERDE.


A partir de 1952, a família Grinberg loteou parte da fazenda e, como muitas pessoas sentiram-se atraídas pelas belezas do lugar, principalmente seus amigos e conterrâneos letões, alemães e húngaros, a fazenda acabou se transformando em um vilarejo, tipicamente alpino. Fato este que justifica o estilo europeu marcante das construções, assim como a influência na culinária, nos artesanatos e nos costumes, que atualmente se misturam com os costumes mineiros. 
Para ocorrer o processo de urbanização houve a necessidade do auxílio de empreendedores privados, uma vez que o Sr. Grinberg não tinha apoio financeiro do município de Camanducaia-MG. O investimento privado promoveu a abertura de estradas com o uso de tratores, instalou as primeiras caixas d’água, ergueu posteamentos, trouxe uma máquina a vapor que produzia energia através de gerador a lenha e deu início as primeiras construções. O saneamento acompanhou o processo de urbanização, porém até os dias de hoje, de forma precária. 

Atualmente, Monte Verde possui 5000 habitantes e, por tratar-se de um distrito turístico, nas altas temporadas, a população flutuante atinge aproximadamente 3500 pessoas, totalizando em média 8500 habitantes. Esta visitação turística é estimulada pela estrutura básica e turística já existente, pela altitude e beleza geomorfológica da Serra da Mantiqueira e pela densa vegetação, como jacarandás, ipês, jequitibás, orquídeas, bromélias e araucárias e associados a esses elementos paisagísticos, a temperatura que pode alcan- çar, no inverno, a -12°C, a arquitetura e a culinária típica de montanha, o acesso pela Rodovia Fernão Dias e por integrar a APA Fernão Dias, também, contribuem para o incremento do turismo. 
A hidrografia de Monte Verde é uma particularidade ambiental que oferece atributos paisagísticos notáveis podendo ser significativa para o turismo na localidade, destacando-se rios e córregos como o do Cadete, dos Poncianos, da Represa, das Cirandas, das Seriemas e da Minhoca que deságuam direta ou indiretamente no Rio Jaguary, onde se identificou uma expressiva demanda potencial para o desenvolvimento do ecoturismo na localidade, devido aos já existentes passeios a pé, a cavalo ou bicicleta, além da visita por trilha às corredeiras do Itapuá e a observação de pássaros típicos da região como os beija-flores, gaviões, tucanos e maritacas, atrativos que também podem ser potencializados. 
A maior parte da população de Monte Verde encontra-se na Vila Operária. Como o próprio nome diz, trata-se de uma área de moradia dos trabalhadores do distrito, os quais desempenham atividades voltadas para o atendimento turístico e para a manutenção de serviços para a população local, sendo considerada no plano diretor como zona mista. Embora para a maioria da população residente na vila o turismo seja apontado como um importante segmento econômico, com condições de promover a geração de empregos e a melhoria na qualidade de vida, os moradores ressaltam também diversos problemas relacionados a esta atividade como a ausência de oportunidades em trabalhos mais especializados, restando para os mesmos, tarefas que não exigem muito conhecimento técnico, resultando em salários nem sempre atraentes. Deste modo, reclamam da entrada de profissionais mais capacitados de outras regiões, uma vez que os empresários não investem na formação da mão-de-obra local. Demonstram insatisfações também relacionadas ao aumento dos preços das mercadorias e dos terrenos, da violência, denúncias de prostituição infantil, aumento do consumo de álcool e acesso facilitado dos jovens às drogas. Alguns se sentem excluídos socialmente, pois para os mesmos, os privilégios de infraestrutura urbana estão voltados para a mão-de-obra externa, para a segunda residência e aos turistas, deixando-os a mercê de sua própria subsistência. Outra grande reivindicação é referente ao acesso a equipamentos turísticos, que na Vila Operária, são extremamente escassos. Verifica-se que, pelo fato de Monte Verde e da Vila Operária terem sua origem recente, os moradores não percebem uma identidade cultural e nem tradições que os caracterizem como uma sociedade integrada. A diversidade de pessoas que residem no local, seja de origem nacional ou estrangeira, dificulta o processo de integração entre os membros da comunidade. A co-existência dos novos e antigos moradores, estes últimos considerados como nativos, vem possibilitando a construção, de forma ainda incipiente, diversa e fragmentada, de uma sociedade com culturas distintas que aos poucos tem criado, embora com resistência, uma identidade local, apoiada sobretudo nos aspectos topofílicos do lugar, como a admiração das belezas naturais e do clima de Monte Verde.