Era pra ser um final de semana como outro qualquer do mês de junho, em 2009, mas resolvemos conhecer Monte Verde (MG), e lá fomos nós.
Santa Bárbara do Monte Verde fica no extremo sudoeste de Minas, na Serra da Mantiqueira, a 484 km de BH, mas a 164 km de Sampa. O segundo municipio mais alto do Brasil, o que torna a paisagem maravilhosa, os dias frios e as noites geladas. Mas a hospitalidade mineira e os deliciosos quitutes fazem desse lugar um dos mais agradáveis que já conheci.
A cidade lembra uma vila européia, estilo alemão, com aproximadamente 5.000 habitantes. Muitos a chamam de "Campos do Jordão Mineira". As ruas são charmosas e floridas, as casas bem cuidadas o comércio local reúne confecções de roupas de malha e couro, restaurantes, cafés e bares e lojas de chocolates, compotas, tortas, queijos e vinhos que fazem a gente perder a linha.
Centro de Monte Verde (MG) |
Centenas de pousadas e chalés aconchegantes estão espalhadas pela cidade e algumas até mais afastadas do centro.Escolhemos a Sierra Villena. Maravilhosa. O café da manhã é divino e a decoração rústica é linda.
Em Monte Verde existem vários atrativos que vão desde trilhas em cachoeiras, parques e montanhas. Nós fizemos a trilha das corredeiras do Itapuá (dentro do Hotel Itapuá) as margens do Córrego do Cadete, onde existe a Casa dos Beija-Flores.
trilhas das cachoeiras |
Outras trilhas são famosas na região: a da Pedra Redonda, Pedra Partida, Chapéu de Bispo, do Platô e a famosa Trilha do Jorge, mas essa é pra quem gosta de caminhar de verdade, pois o trajeto é de aproximadamente 12 km, com trechos de subidas e descida pela serra, que pode levar quase 6 horas. É aconselhável o acompanhamento de um guia local para não se perder.
Para quem gosta de radicalizar, existe um circuito bem legal - a Mega Tirolesa, são 2 tirolesas (ida e volta) que dão frio na barriga só de olhar. Mas vale para quem curte emoção.
A gastronomia é diversificada: vai desde a cozinha alemã, italiana, gaúcha e, claro, a deliciosa comida mineira. E foi o Sabor Mineiro que escolhemos para almoçarmos. Não demorou pra servir e o tutú estava divino. E a noite fomos ao Boteco do Lago, com música ao vivo, ambiente agradável e o chopp artesanal. Muito bom.
O IMPACTO DO CRESCIMENTO CAUSADO PELO TURISMO EM MONTE VERDE.
A partir de 1952, a família Grinberg loteou parte da fazenda e, como muitas pessoas sentiram-se atraídas pelas belezas do lugar, principalmente seus amigos e conterrâneos letões, alemães e húngaros, a fazenda acabou se transformando em um vilarejo, tipicamente alpino. Fato este que justifica o estilo europeu marcante das construções, assim como a influência na culinária, nos artesanatos e nos costumes, que atualmente se misturam com os costumes mineiros.
Para ocorrer o processo de urbanização houve a necessidade do auxílio de empreendedores privados, uma vez que o Sr. Grinberg não tinha apoio financeiro do município de Camanducaia-MG. O investimento privado promoveu a abertura de estradas com o uso de tratores, instalou as primeiras caixas d’água, ergueu posteamentos, trouxe uma máquina a vapor que produzia energia através de gerador a lenha e deu início as primeiras construções. O saneamento acompanhou o processo de urbanização, porém até os dias de hoje, de forma precária.
Atualmente, Monte Verde possui 5000 habitantes e, por tratar-se de um distrito turístico, nas altas temporadas, a população flutuante atinge aproximadamente 3500 pessoas, totalizando em média 8500 habitantes. Esta visitação turística é estimulada pela estrutura básica e turística já existente, pela altitude e beleza geomorfológica da Serra da Mantiqueira e pela densa vegetação, como jacarandás, ipês, jequitibás, orquídeas, bromélias e araucárias e associados a esses elementos paisagísticos, a temperatura que pode alcan- çar, no inverno, a -12°C, a arquitetura e a culinária típica de montanha, o acesso pela Rodovia Fernão Dias e por integrar a APA Fernão Dias, também, contribuem para o incremento do turismo.
A hidrografia de Monte Verde é uma particularidade ambiental que oferece atributos paisagísticos notáveis podendo ser significativa para o turismo na localidade, destacando-se rios e córregos como o do Cadete, dos Poncianos, da Represa, das Cirandas, das Seriemas e da Minhoca que deságuam direta ou indiretamente no Rio Jaguary, onde se identificou uma expressiva demanda potencial para o desenvolvimento do ecoturismo na localidade, devido aos já existentes passeios a pé, a cavalo ou bicicleta, além da visita por trilha às corredeiras do Itapuá e a observação de pássaros típicos da região como os beija-flores, gaviões, tucanos e maritacas, atrativos que também podem ser potencializados.
A maior parte da população de Monte Verde encontra-se na Vila Operária. Como o próprio nome diz, trata-se de uma área de moradia dos trabalhadores do distrito, os quais desempenham atividades voltadas para o atendimento turístico e para a manutenção de serviços para a população local, sendo considerada no plano diretor como zona mista. Embora para a maioria da população residente na vila o turismo seja apontado como um importante segmento econômico, com condições de promover a geração de empregos e a melhoria na qualidade de vida, os moradores ressaltam também diversos problemas relacionados a esta atividade como a ausência de oportunidades em trabalhos mais especializados, restando para os mesmos, tarefas que não exigem muito conhecimento técnico, resultando em salários nem sempre atraentes. Deste modo, reclamam da entrada de profissionais mais capacitados de outras regiões, uma vez que os empresários não investem na formação da mão-de-obra local. Demonstram insatisfações também relacionadas ao aumento dos preços das mercadorias e dos terrenos, da violência, denúncias de prostituição infantil, aumento do consumo de álcool e acesso facilitado dos jovens às drogas. Alguns se sentem excluídos socialmente, pois para os mesmos, os privilégios de infraestrutura urbana estão voltados para a mão-de-obra externa, para a segunda residência e aos turistas, deixando-os a mercê de sua própria subsistência. Outra grande reivindicação é referente ao acesso a equipamentos turísticos, que na Vila Operária, são extremamente escassos. Verifica-se que, pelo fato de Monte Verde e da Vila Operária terem sua origem recente, os moradores não percebem uma identidade cultural e nem tradições que os caracterizem como uma sociedade integrada. A diversidade de pessoas que residem no local, seja de origem nacional ou estrangeira, dificulta o processo de integração entre os membros da comunidade. A co-existência dos novos e antigos moradores, estes últimos considerados como nativos, vem possibilitando a construção, de forma ainda incipiente, diversa e fragmentada, de uma sociedade com culturas distintas que aos poucos tem criado, embora com resistência, uma identidade local, apoiada sobretudo nos aspectos topofílicos do lugar, como a admiração das belezas naturais e do clima de Monte Verde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário